Publicado em 30/04/2018


População de hipopótamos em bom estado de conservação

Censo aéreo nacional revela a existência de mais de sete mil animais

Moçambique tem actualmente uma população de hipopótamos estimada em pouco mais de sete mil animais, segundo um censo aéreo recente encomendado pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), com o financiamento do Banco Mundial, através do projecto MozBio.

Segundo o estudo, mais de 80 por cento dos paquidermes localiza-se nas bacias hidrográficas de Cahora Bassa, com 4.420, Lugenda (802), Save (179) e Zambeze (122), sendo imperativo que estas populações sejam geridas para garantir a sua existência e sustentabilidade a longo prazo com uma estratégia de gestão abrangente envolvendo todos os actores comprometidos com a conservação, incluindo as comunidades locais.

A contagem foi em resposta à solicitação feita pela CITES-the Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora para que Moçambique mostrasse que a população de hipopótamos era viável e a sua extracção através da caça desportiva era sustentável.

Os resultados alcançados são considerados positivos e surpreendentes tendo em conta que a contagem feita em 2010 revelou um declínio na ordem de pouco mais de 80 por cento da população de hipopótamos, com uma estimativa de apenas 3.000 animais em todo o país.

Esta conclusão, agravada pelo facto das autoridades moçambicanas não terem conseguido providenciar dados actualizados, levou em Setembro de 2012 ao banimento, pela CITES, do comércio de troféus de hipopótamos provenientes do país e era preciso reverter a situação e provar que o país detém uma população viável.

Os dados desta última contagem deram corpo, em Abril do ano passado, a um plano de gestão sustentável do hipopótamo designado “NDF-Non-Detriment Finding” que permitiu argumentar, durante a 69ª reunião da CITES realizada recentemente em Genebra- Suíça para o levantamento da suspensão imposta à caça do hipopótamo em Moçambique e à exportação dos respectivos troféus.

Nesse encontro, o país saiu da lista negra em relação a este assunto e com os números apresentados na mesa, conseguiu obter uma quota anual de exploração de hipopótamos correspondente a 1% da população total estimada em 7.300 animais, significando, na prática, que o país pode extrair cerca de 70 animais por ano.

O levantamento do embargo é de vital importância para o país, fundamentalmente nesta altura em que várias outras espécies de animais selvagens estão ameaçadas de extinção devido à caça furtiva, sendo a sua exploração para trófeus cada vez mais incipiente.

Os hipopótamos da espécie amphibius  (Hippopotamus amphibius) são considerados chaves para ecossistemas devido ao importante papel que desempenham na manutenção dos processos ecossistémicos aquáticos, bem como na conectividade entre sistemas terrestres e aquáticos.

A espécie tem o potencial de contribuir significativamente para três dos quatro pilares do Plano Estratégico da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), nomeadamente a Conservação da Biodiversidade, Sustentabilidade Económica e Financeira e Desenvolvimento Comunitário.