Publicado em 16/09/2019


Levantamento de biodiversidade em Chimanimani revela mais de 1.000 espécies de animais e plantas

231 espécies de aves e 42 de mamíferos, incluindo um morcego desconhecido em Moçambique, estavam entre as espécies encontradas num período de duas semanas.

Mais de 1.000 espécies de animais e plantas foram descobertas por investigadores numa secção da Área de Conservação de Chimanimani, incluindo várias espécies novas em Moçambique e várias espécies potencialmente novas para a ciência.

As descobertas seguiram-se a um levantamento de biodiversidade de duas semanas que decorreu nos finais de 2018 na ainda pouco estudada Área de Conservação de Chimanimani, na província de Manica, e destacam a importância de proteger a rica biodiversidade desta paisagem contra ameaças como a mineração, aumento demográfico e a extração de madeira.

Para além das espécies de aves e mamíferos acima referidas, a equipa (composta por especialistas visitantes e estudantes do programa de Mestrado em Biologia da Conservação da Gorongosa) encontrou 22 espécies de anfíbios, 45 de répteis, mais de 450 de insetos e 176 de plantas. Acredita-se que uma espécie de morcego seja nova em Moçambique e que uma rã, um lagarto e um grilo-do-mato sejam novos para a ciência. Várias espécies de animais foram registadas pela primeira vez em Moçambique.

Em Chimanimani, a combinação única de diferentes altitudes, solos, chuva e fogo resultou num alto nível de endemismo, especialmente na flora. Esta Área de Conservação como um todo tem um papel crítico a desempenhar no funcionamento dos ecossistemas, mas enfrenta pressões de conversão do uso da terra na sua zona-tampão. Como resultado, os esforços da sua administração estão focados na prevenção de invasões e na segurança da integridade da área.

“Os resultados demonstram a importância de Chimanimani para a biodiversidade em Moçambique e para a ciência da conservação global. É fundamental que as ameaças à paisagem, incluindo mineração ilegal, bem como a caça ilegal, a exploração madeireira e as práticas agrícolas prejudiciais sejam combatidas, para que possamos proteger esta paisagem única para as próximas gerações”, disse Lionel Macicane, administrador da Reserva Nacional de Chimanimani.

Verificou-se que uma área dentro da Reserva Florestal de Moribane, na zona tampão da Reserva Nacional de Chimanimani, abriga uma série de espécies únicas, uma descoberta que reforça ainda mais a importância de proteger o que resta da floresta perene de baixa altitude no país.

A Reserva Nacional de Chimanimani desempenha um papel vital na cultura das comunidades locais. As suas montanhas são habitadas há séculos e contêm importantes locais históricos, incluindo pinturas rupestres da Idade da Pedra e ruínas que datam da era do Grande Zimbábue dos séculos XIV e XV. Juntamente com o Parque Nacional de Chimanimani, no Zimbábue, a Reserva Nacional de Chimanimani constitui uma área protegida transfronteiriça, cobrindo cerca de 1.000 km².

O levantamento de biodiversidade foi realizado sob os auspícios do Projeto do Censo da Biodiversidade da Reserva Nacional de Chimanimani, apoiado pela Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), Fauna & Flora International (FFI), Projeto de Restauração da Gorongosa e Fundação MICAIA, com financiamento do programa MozBio1 do Banco Mundial por meio da Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND).

Referências para editores:

Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC)

Fundada em 2011, a Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) é uma instituição estatal responsável pela conservação da biodiversidade e pelo desenvolvimento sustentável do ecoturismo no país. As suas principais actividades são o planeamento, coordenação e execução de actividades nas áreas de conservação, em parceria com organizações e comunidades locais. As áreas de conservação, administradas pela ANAC, representam cerca de 25% do território nacional, incluindo 7 Parques Nacionais e 7 Reservas Nacionais, e 70 áreas de caça divididas em 20 reservas oficiais de caça, 9 blocos de caça, 13 projetos comunitários e 31 fazendas de caça.

Para contactos da imprensa: Elias Matsinhe (elias.matsinhe@anac.gov.mz)

A Reserva Nacional de Chimanimani (RNC)

A Reserva é criada a luz do Decreto 34/2003, de 19 de Agosto, com o principal objectivo de salvaguardar a protecção do ecossistema com características rica em biodiversidade, o endemismo da Flora, a importância do maciço de Chimanimani nas nascentes dos vários rios, a existência do monte Binga, o ponto mais alto do país e o património Histórico-cultural da região, possui uma área total de 2368 km². Área de Protecção total/core de 683 Km² e Zona Tampão com 1685 km². Este é uma área de conservação transfronteiriça (Moçambique – Zimbabwe), localiza-se na zona central de Moçambique, na Província de Manica, Distrito de Sussundenga, abrangendo os Postos Administrativos de Rotanda, Mouha e Dombe.

Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS)

O FNDS é uma entidade jurídica pública com personalidade e capacidade jurídica, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, sob a supervisão do Ministro responsável pela Terra, Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural. O FNDS surge da necessidade global de adoção de modelos de desenvolvimento sustentável que proporcionem o surgimento de fundos de financiamento multilaterais, em conformidade com as novas metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS) aprovadas pela ONU, com ênfase nas mudanças climáticas. O objetivo do FNDS é promover e financiar programas e projetos que garantam um desenvolvimento sustentável, harmonioso e inclusivo, com ênfase particular nas áreas rurais.

Para contactos da imprensa: Leonardo Chauque (leonardo.chauque@fnds.gov.mz)

Fundação para a Conservação da Biodiversidade (BIOFUND)

O BIOFUND é uma instituição financeira privada com o objetivo de financiar a conservação da biodiversidade em Moçambique. Com estatuto de utilidade pública, a sua missão é apoiar a conservação da biodiversidade aquática e terrestre e o uso sustentável dos recursos naturais, incluindo a consolidação do sistema nacional de Áreas de Conservação.

Para contactos da imprensa: Joaquim Adriano Govene (jgovene@biofund.org.mz)

Gorongosa Restoration Project

O Parque Nacional da Gorongosa é uma história de sucesso da restauração da vida selvagem; uma parceria público-privada de longo prazo entre o Governo de Moçambique e a organização sem fins lucrativos dos EUA, a Fundação Carr/Gorongosa Restoration Project. O modelo de conservação equilibra as necessidades da vida selvagem e das pessoas, trabalhando em quatro áreas principais: proteção da vida selvagem e da paisagem, apoio à comunidade, investigação científica e turismo sustentável.

Para contactos da imprensa: Vasco Galante (vasco@gorongosa.net)

Fundação MICAIA

A Fundação MICAIA é uma ONG moçambicana fundada em 2009 e trabalha principalmente na província de Manica. A MICAIA segue uma abordagem de longo prazo para o desenvolvimento da comunidade e a resiliência dos seus meios de subsistência, reconhecendo que o caminho para a eliminação da pobreza e da vulnerabilidade é uma jornada longa e difícil. O trabalho da Fundação concentra-se em dois temas principais: gestão sustentável dos recursos naturais e diversificação da economia local. Dois outros temas, segurança alimentar e cidadania ativa, estão cada vez mais integrados e transversais em todo o seu trabalho.

Para contactos da imprensa: Milagre Nuvunga (milagre@micaia.org)

Fauna & Flora International (FFI)

Fundada em 1903, a FFI foi a primeira organização internacional de conservação da vida selvagem do mundo. A missão da FFI é conservar espécies e ecossistemas ameaçados em todo o mundo, escolhendo soluções que sejam sustentáveis, baseadas em ciência sólida e que levem em consideração as necessidades humanas. O foco da FFI está na proteção da biodiversidade, que

sustenta ecossistemas saudáveis e é fundamental para os sistemas de suporte à vida nos quais os seres humanos e todas as outras espécies dependem. A FFI atua em mais de 40 países da África, Américas, Eurásia e Ásia-Pacífico e apoia mais de 140 projetos de conservação e 320 parceiros em todo o mundo.

Para contactos da imprensa: Nathan Williams (nathan.williams@fauna-flora.org