A Ilha de Moçambique, situada na costa nortenha do país, é um destino que ressoa com uma profunda riqueza histórica e cultural. Durante as actividades da 2ª Conferência da Biodiversidade Marinha, a equipa da BIOFUND – Fundação para a Conservação da Biodiversidade e demais convidados tiveram a oportunidade de explorar este lugar fascinante, e a experiência foi verdadeiramente transformadora.
Como uma das primeiras colónias portuguesas na África, a Ilha de Moçambique desempenhou um papel crucial como entreposto comercial. Ao caminhar pelas suas ruas estreitas e ladeadas de edifícios coloniais, sentimos como se estivéssemos voltando no tempo. A arquitectura imponente, incluindo a Fortaleza de São Sebastião e o Palácio de São Paulo, ambos testemunhos vivos de um passado multifacetado, nos impressionou profundamente.
A Fortaleza de São Sebastião, construída no século XVI, permanece como um símbolo da resistência e da engenharia militar da época. Já o Palácio de São Paulo, que agora abriga um museu, oferece uma janela para a vida colonial com sua impressionante colecção de artefactos históricos. Cada pedra e cada parede contam uma história, e é impossível não nos sentirmos tocados pela história que permeia o ar.
No entanto, a verdadeira alma da Ilha de Moçambique reside em seus habitantes. A hospitalidade calorosa e o orgulho cultural dos moradores locais foram evidentes em cada interacção. Uma das partes mais impactantes da visita foi a instalação imersiva “Nakhoda e a Sereia”, da realizadora moçambicana Yara Costa. Esta obra exibe o património cultural marítimo da Ilha de Moçambique e alerta para o impacto das mudanças climáticas nas comunidades locais, numa viagem virtual até 2030. Este alerta é um chamado urgente para a crise climática, que já está afectar muitas comunidades costeiras ao redor do mundo e em Moçambique em particular. Estudos científicos mostram que a elevação do nível do mar e as tempestades mais frequentes colocam em risco ecossistemas vitais e a sobrevivência das populações costeiras.
Não é apenas uma questão de proteger a história e a cultura, mas de garantir a sobrevivência das comunidades e dos ecossistemas costeiros. A ciência nos diz que a janela para agir está cada vez mais a fechar, e cabe a nós, como sociedade, responder com urgência e compromisso.
Nossa visita à Ilha de Moçambique foi mais do que uma simples viagem; foi uma jornada de descoberta e aprendizado. Cada momento passado na ilha nos ensinou algo novo sobre a rica tapeçaria histórica e cultural de Moçambique. Saímos com um profundo respeito pela história e pela resiliência dos seus habitantes.
Para aqueles que procuram uma experiência de viagem que ofereça tanto beleza natural quanto uma profunda imersão cultural, a Ilha de Moçambique é um destino imperdível. Explore suas ruas, converse com seus moradores e deixe-se encantar por este lugar singular. E não se esqueça de reflectir sobre o impacto das mudanças climáticas e a importância de preservar estes tesouros para as futuras gerações!
Por: Humaira Agibo Badrú